A imagem apresenta um detalhe do interior da Sainte-Chapelle, em Paris, um magnífico exemplo do estilo gótico radiante. A capela superior, construída no século XIII por ordem de Luís IX para albergar relíquias sagradas da Paixão de Cristo – incluindo a Coroa de Espinhos –, destaca-se pela sua estrutura gótica, com uma abóbada estrelada em tons de azul e dourado que simboliza o céu. Os seus imponentes vitrais, que ocupam quase toda a superfície das paredes, narram a história bíblica em mais de 1113 cenas distribuídas por 15 painéis, criando um efeito luminoso de grande espiritualidade e majestade. No centro, sobressai um baldaquino, elemento arquitetónico crucial. Construído na década de 1260 e restaurado no século XIX (após a sua destruição durante a Revolução Francesa), este baldaquino, de estilo gótico igualmente esguio e elevado, servia de suporte para a Arca das Relíquias. Esta arca, que continha as relíquias sagradas – originalmente feita de prata e cobre dourado, mas também destruída durante a Revolução Francesa – era protegida e realçada pelo baldaquino, funcionando como um dossel cerimonial que conferia maior importância visual e simbólica às relíquias. A sua decoração, com elementos esculpidos como anjos e motivos florais, e o teto decorado com motivos estrelados, completam a riqueza estética da capela, contribuindo para a ligação entre o terrestre e o divino, e reforçando a função da monarquia francesa como protetora da fé. A Arca das Relíquias permaneceu na Sainte-Chapelle até à Revolução Francesa, altura em que as relíquias foram transferidas para Notre-Dame. Apesar da perda da sua função original, o baldaquino mantém-se como testemunho da importância religiosa e política das relíquias na Idade Média, funcionando como elemento focal da liturgia e um dos pontos mais importantes da composição estética e litúrgica da capela, concebida como um imenso relicário arquitetónico.